O verão que não foi
Acabou o verão e ainda tenho fome de mar, desejo de sol e sede de mergulhos. É a primeira vez, que me lembro, de não receber bem o outono, e as suas promessas de folhas douradas, castanhas assadas, tartes de maçã cheirosas e dias cinzentos. Acontece que este verão não foi. Nunca chegou a chegar. Passámos três meses à espera dele. Em julho é que vai ser, em agosto é que vai ser, em setembro é que vai ser. E nunca foi. Não tivemos uma semana de calor, de facto. Daquele calor abafado, sem vento, daquele calor de que nos queixamos sempre, mas pelo qual esperamos o ano todo. Não tivemos aqueles dias de praia perfeitos, sem aquela nortada desagradável. Dias que se misturam com a noite e parecem que não têm fim, até ao último mergulho.
Ainda assim, fiz as pazes com o verão. Ontem, qual momento especial, esteve uma tarde de praia perfeita. E eu não deixei passar. O mar estava revolto e impróprio para inseguros ou inexperientes. Mas eu também gosto dele assim, gosto de ser desafiada, de esperar o momento ideal para atirar-me de cabeça numa onda e sentir a sua energia no meu corpo. E naqueles momentos de espera, só com mar e céu no olhar, despedi-me do verão e pedi que voltasse melhor para o próximo ano. Eu ficarei esperando, como sempre.