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Diário de fuga

Na rotina dos sonhos fugimos dos dias

Diário de fuga

Na rotina dos sonhos fugimos dos dias

40 pensamentos sobre a quarentena

29.04.20 | Alice Barcellos

Porque já passaram mais de 40 dias que estamos em casa, porque nas últimas duas semanas não tenho encontrado motivação para alimentar o meu blogue, porque me sinto em falta com quem me segue aí deste lado, porque um dia mais tarde vou gostar de reler estas palavras, porque sim e porque não: aqui estão 40 pontos sobre os quais pensei nestes dias de quarentena.

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1. Autoconhecimento é tudo nesta vida. Quanto melhor nos conhecemos, mais facilmente conseguimos passar por momentos difíceis.

2. Estar confinado em casa não é fácil, mas pode tornar-se mais leve se conseguirmos criar uma rotina.

3. Há dias bons e dias menos bons - como em todos os dias das nossas vidas - mas neste período parece que os dias menos bons custam mais.

4. É fundamental ter a capacidade de encontrar beleza e alegria nas pequenas coisas. E a vida é mesmo feita de pequenos nadas.

5. Hoje, mais do que nunca, percebi como preciso movimentar o meu corpo para ser (mais) feliz. Encontre uma atividade física de que goste e nunca mais deixe de a fazer.

6. O mar faz-me muita falta. Apenas tive um vislumbre da praia duas vezes nesta quarentena, a conduzir. Um dia parei e fiquei por alguns minutos apenas a ouvir o som do mar e a observar o vai-e-vem das ondas. O silêncio do momento, sem ver ninguém enquanto lá estive, deixou-me emocionada e com um aperto na alma.

7. Os cães são grandes companheiros de quarentena.

8. Tenho sorte de poder continuar a ver muitas pessoas que amo neste período difícil. Tenho sorte de ter um teto, conforto, emprego e saúde. Parece cliché, mas temos mesmo de agradecer mais vezes.

9. O amor é fundamental para estarmos de bem com a vida, a começar pelo amor-próprio.

10. Nada é garantido, portanto, não vale a pena sofrer por antecipação.

11. Não damos valor à nossa liberdade até, de facto, deixarmos de tê-la.

12. Trump e Bolsonaro são monstros e deveriam ser varridos da face da Terra, juntamente com o coronavírus.

13. As lideranças femininas estão a fazer a diferença na luta contra o covid-19.

14. Portugal não se está a sair mal. Espero que não deite tudo a perder no próximo mês.

15. Esta crise só vem reforçar os setores mais importantes em qualquer sociedade: Saúde e Educação.

16. O capitalismo falhou e precisa ser repensado. Nenhum sistema que privilegia a economia em detrimento de vidas humanas deve ser apoiado.

17. Precisamos, mesmo, mudar os nossos hábitos de consumo e ser a mudança que queremos para o mundo.

18. Este foi o primeiro grande golpe à globalização. Como será a retoma depois disso?

19. Quando é que vamos deixar de ter medo de ficar contagiados?

20. Não vai haver regresso à normalidade, vamos ter de nos adaptar a novos estilos de vida.

21. Já nos estamos a adaptar.

22. A Arte tem um papel fundamental nas nossas vidas e os momentos de crise só reforçam isso.

23. Há muitas iniciativas bonitas a serem feitas, provando que nestes momentos de crise podemos ver o melhor (e o pior) da humanidade.

24. É preciso saber ter esperança e ser otimista.

25. Dói muito saber que tantas pessoas estão a sofrer e a morrer neste momento.

26. Os médicos e os enfermeiros são uns heróis, quem trabalha nos supermercados também. E os jornalistas, o pessoal da recolha do lixo, os pais que estão com os filhos em casa e toda a gente que continua a fazer o mundo girar neste momento. Todos nós, na verdade - menos aquela malta que teima em "furar" a quarentena e a olhar apenas para o seu umbigo.

27. Como será a crise económica que aí vem? E como será a recuperação?

28. Quantos projetos e sonhos vamos ter de adiar?

29. Quantos de nós vão ser melhores seres humanos depois da pandemia? E quantos vão ficar na mesma?

30. Quando é que vamos ter a vacina?

31. Este período está a pôr-nos à prova, como nunca estivemos.

32. Será sempre um período de crescimento e aprendizagem, como todos os desafios são.

33. A saúde mental é muito importante. A sociedade precisa aprender a falar mais sobre ela e a cuidar melhor de quem tem problemas deste foro.

34. Os nossos velhinhos precisam ser mais bem cuidados - essa crise também expôs isso.

35. A mãe natureza está a provar, com mais força do que nunca, que não precisa do homem para seguir o seu curso.

36. A humanidade deveria aproveitar esta paragem forçada para cuidar do planeta de uma vez por todas.

37. Mais uma vez, a mudança tem de começar em nós.

38. A tele-escola é gira.

39. É lindo que o arco-íris seja o símbolo de esperança desta crise.

40. Mesmo tendo consciência de que não está a ser e não vai ser fácil, vai passar e vamos todos ficar bem. Eu espero, mesmo. Mas sou otimista, isso vocês já devem ter percebido.

E vocês, no que andam a pensar?

Imagem: Lina Trochez / Unsplash

Já estou farta disso. Atualizem-me, por favor!

16.04.20 | Alice Barcellos

Números e mais números. Dezenas, centenas, milhares e milhões. Todos os dias, as televisões apresentam gráficos, fazem análises, suposições, avançam com hipóteses e mostram números, números e mais números.

Quantos mais foram hoje? Questionam-se os que estão do outro lado, à espera da atualização diária. Com a expectativa de que os números comecem a ser menores. Com o desejo impossível e silencioso de que os números desapareçam.

Segue-se a mesma resposta: foram mais umas dezenas ou centenas que se juntam aos milhares. Tem sido assim todo santo dia desde que essa fase estranha da humanidade começou.

São números, mas, antes disso, são pessoas. Em alguns casos, foram pessoas. Vidas humanas que foram levadas por esta pandemia global e globalizada. Pessoas que se transformaram em números. Dezenas, centenas, milhares.

Os números são tão frios. Com aquela frieza exata que só os números conseguem ter. É ou não é - não há espaço para devaneios com os números. As palavras são mais gentis, deixam-nos fazer com elas o que queremos. Podemos inventar histórias que não existem e imaginar que isso não passa de um pesadelo. Podemos ser tudo o que quisermos com as palavras. Com os números não. Com os números somos todos iguais - como as valas comuns onde se enterram os corpos em Nova Iorque.

Já estou farta disso. Hoje não tenho tempo para te aturar, oh covid-19. Atualizem-me, por favor! Mas esqueçam os números. Atualizem-me, antes, com palavras, com boas notícias, histórias fantásticas e frases inspiradoras. Os números que esperem. Hoje, quero só palavras bonitas.

Podemos começar a "conversa" com esta frase do Luís Sepúlveda:

Somente aqueles que ousam podem voar

Estejam à vontade para partilhar mais palavras bonitas nos comentários.

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Imagem: Alexandra / Unsplash

Texto escrito no âmbito do Desafio dos Pássaros.

Tema da semana (fiz um dois em um de temas): Atualizem-me, por favor! & Não tenho tempo para te aturar. Sigam aqui o blogue dos Pássaros para saberem tudo sobre os desafios de escrita.

Tive uma ideia. E agora?

03.04.20 | Alice Barcellos

Nem sempre é fácil ter uma ideia.

Quer dizer, ter ideias é fácil, passamos a vida a tê-las. O que são os nossos pensamentos senão ideias que lutam entre elas em busca do protagonismo no nosso interior silencioso até conseguir sair "cá pra fora" para pôr-nos a mexer em determinada direção? Não sei se esta será a melhor explicação, mas parece-me ser uma ideia aceitável do que é ter uma ideia - e concretizá-la.

Ter ideias é fácil, difícil é ter uma boa ideia.

Mas o mundo está cheio de exemplos de boas ideias concretizadas. Se não fosse o poder de algo tão imaterial, a humanidade não teria evoluído como evoluiu. "E também não se teria feito tanta asneira como se fez", dirão os mais pessimistas. Pois é. Para cada boa ideia, existe sempre uma má ideia que também é posta em prática. Afinal, o equilíbrio entre bem e o mal começa dentro de cada um, tal como as boas e as más ideias.

Uma ideia é como uma pérola. Pode surgir pequenina, um cisco de ideia, que nos chateia quando estamos a adormecer, a acordar ou a fazer as tarefas mais banais. Quase que por magia o nosso pensamento é levado a refletir sobre aquela ideia. É aí que temos de tomar a direção certa nesta encruzilhada interior. Insistimos em continuar a pensar nessa ideia ou damos lugar a novas ideias que estão a surgir?

Nem sempre é uma decisão fácil, esta de escolher em quais ideias devemos investir. Mas se temos uma ideia que nos chateia muito, o melhor é tentar fazer com que ela veja a luz do dia, qual pérola que sai da ostra. Nem que seja para nos mostrar se foi uma boa ou má ideia ter dado uma hipótese a esta pérola.

Tal como a ideia para o tema deste texto, que acabou por ser esta, mas poderia ter sido outra. Será que foi uma boa ideia?

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Imagem: Skye Studios / Unsplash

Texto escrito no âmbito do Desafio dos Pássaros.

Tema da semana: Tive uma ideia. Sigam aqui o blogue dos Pássaros para saberem tudo sobre os desafios de escrita.