30.04.21 | Alice Barcellos |
A Terceira fez-me viajar pela origem de tudo. A começar pelos nomes. Para quem gosta de viajar pelas palavras, como eu, a Terceira é uma delícia, tal como o doce de vinagre, cujo nome despertou logo curiosidade*. “Aqui nos Açores, gostamos de simplificar os nomes”, (...)
16.04.21 | Alice Barcellos |
A primeira viagem após um período de confinamento vai ter sempre um sabor extra a liberdade. Esta fome de mundo que trago em mim tem a capacidade de deixar os olhos mais sensíveis a tudo o que veem, conseguindo fazer com que cada paisagem percorrida pareça ainda mais (...)
20.03.21 | Alice Barcellos |
Perguntaram-me o que era a poesia Não soube responder Senti que deveria escrever Porque como uma flor que começa na terra A poesia começa nas palavras Será mesmo assim? A poesia começa antes das palavras Nessa mesma flor, nessa mesma terra No céu, no mar, no pássaro (...)
08.03.21 | Alice Barcellos |
Era uma vez um mundo perfeito habitado por seres imperfeitos. Nasceram como todos os animais, macho ou fêmea, mas com um cérebro para pensar. Podiam ter pensado em ser iguais, mas não. Era mais fácil pensar em explorar, escravizar, violentar. E assim fica marcada a sua (...)
01.03.21 | Alice Barcellos |
O meu reino é feito de areia e água Talhado pelo sol e pelo vento Espaços abertos onde se dissolve a mágoa Fechando os olhos se perde a noção do tempo Aqui os castelos são movediços Dunas que se deslocam devagar Descalça, não há sentimentos postiços Caminha-s (...)
26.02.21 | Alice Barcellos |
Enquanto conduzíamos a partir de Roterdão, a neve caía em flocos pequenos e das janelas do carro só se via branco. Amesterdão recebeu-me assim, fria, com neve acumulada nos bancos das centenas de bicicletas estacionadas em frente à Estação Central. Rapidamente, (...)
24.02.21 | Alice Barcellos |
"Sente-se aqui, minha filha". A menina sentava-se, tentando ficar quieta para o retrato, o que não era fácil quando se tem dez anos. Do outro lado, a avó, compenetrada, afiava o lápis de ponta macia que escorregava bem no papel. Depois, levantava o lápis no ar, na (...)
23.02.21 | Alice Barcellos |
Ficava sempre aflita quando tinha de usar vestidos de gala. Pedia à criada que apertasse ao máximo o espartilho e ao alfaiate que optasse por cores escuras. Por mais que tentasse disfarçar, olhava-se ao espelho e pensava sempre: és uma princesa gorda que só ocupa (...)
22.02.21 | Alice Barcellos |
Gostava de te fazer sorrir como quando ligas a rádio e está a tocar a tua música favorita Como quando estás a pensar numa pessoa e ela liga ou manda uma mensagem Como quando encontras o teu nome escrito numa loja ou numa parede Ou quando encontras uma nota de cinco (...)