19.12.20 | Alice Barcellos |
Dedicado a todas as pessoas que este ano passam o Natal sozinhas O dia amanheceu cinzento e frio. O nevoeiro escondia os cumes das altas montanhas pintados de branco. Não se viam, pois eram mestres em ser invisíveis, mas os lobos andavam ativos pelas serras, à procura de (...)
18.11.20 | Alice Barcellos |
Sumiu! Uns dizem que fugiu. Outros dizem que pulou de um precipício. Todos querem descobrir onde esteve, com quem privou, o que disse. O D ofereceu-se como detetive, o C chorou, o R riu e o Z... zzzzzzz. Dizem que cultivou inimigos por ser pioneiro, fez fretes e ficou sem (...)
Olha, olha bem para ti, sem vergonha, sem medo Quantas vezes já pensaste que não eras suficiente? Quantas vezes desististe cedo, cedo demais? Olha para ti e encontra unicidade em cada traço do teu rosto Capacita-te de que és perfeito em todas as curvas e arestas Não (...)
07.11.20 | Alice Barcellos |
Nasci numa imensidão azul sem terra que pudesse ser vista. Mas o vento, meu pai, empurrou-me na direção certa. Sabia que este dia iria chegar, o dia em que sairia do âmago da minha mãe, o oceano, e iria cumprir a minha missão. Quando nasci era pequena, ainda não me (...)
23.10.20 | Alice Barcellos |
Todas as noites, ela agarrava-se à almofada e rezava. Pedia muito para que naquela noite ele não viesse ao quarto. Rezava que não tivesse de sentir aquelas mãos pesadas contra o seu corpo frágil. Desejava, no mais profundo do seu ser, que não tivesse de passar por (...)
13.10.20 | Alice Barcellos |
Ele faz as folhas falarem e comunica o perfume das flores pelo ar Quando é brisa vem sossegado e fica Refrescando o rosto devagar Pelo mundo faz o seu o caminho De norte a sul, de leste a oeste Nos desertos isolados, corre sozinho Fazendo com que tudo fique mais agreste Namor (...)
11.10.20 | Alice Barcellos |
Tinha chovido. A prometida chuva de que falavam desde segunda-feira. Era quinta e, finalmente, tinha chovido. Mas pouco. O suficiente para deixar no ar aquele inconfundível cheiro a terra molhada, que me fez sair do prédio e respirar fundo para reforçar na memória (...)
10.07.20 | Alice Barcellos |
Miyuki fazia sempre o mesmo caminho até aos antigos armazéns onde tinha sentido o gosto da liberdade e experienciado a esperança em forma de abraço. Desde aquele dia não conseguia manter-se muito longe do lugar que guardava, ao mesmo tempo, tantas sombras e luz. A (...)
21.05.20 | Alice Barcellos |
Miyuki levantou-se cedo naquele dia fresco de início de primavera. Ao longe, ouvia-se o canto dos rouxinóis e ela podia sentir o perfume das cerejeiras em flor a entrar pelas janelas do apartamento. Ligou o computador e esteve a apreciar a câmara que mostrava a sakura em (...)