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Diário de fuga

Na rotina dos sonhos fugimos dos dias

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Auschwitz: quando um dos grandes horrores da humanidade se transforma numa atração turística

28.01.20 | Alice Barcellos

Vivemos na era das viagens de Instagram. Nunca esta rede social influenciou tanto a forma de viajar. Já existem estudos que comprovam isso, que muitas pessoas são influenciadas a escolher o próximo destino de sonho com base nas fotografias que viram no Instagram.

Essa tendência contribui ainda mais para a massificação do turismo, para o turista que quer ir a determinado sítio, tirar determinada fotografia e passar para outro lugar, para o próximo click, o próximo post, o próximo story.

Sem generalizar, é verdade que o turismo viu-se contaminado por este vírus da instantaneidade que leva hordas a tomarem conta de sítios considerados da moda. Muitos são os lugares que estão a pensar em soluções para diminuir o excesso de visitantes. Veneza, Amesterdão ou Barcelona fazem parte da lista.

Esta semana (dia 27), assinalaram-se os 75 anos da libertação do campo de extermínio nazi de Auschwitz-Birkenau, na Polónia, dia também escolhido para lembrar o Holocausto. Entre as várias abordagens ao tema, há uma que se enquadra nesta reflexão sobre o turismo de massa. Auschwitz transformou-se numa atração turística e é visitado por milhares de pessoas diariamente – em 2018, foram 2,15 milhões de visitantes.

Surgem muitas notícias da falta de bom senso e de respeito ao visitar um lugar onde cerca de 1,3 milhão de seres humanos (números oficiais) foram exterminados. O comportamento de certos visitantes até levou com que o memorial pedisse às pessoas para não tirarem fotografias durante a visita. Apesar de não existir nenhuma proibição oficial, apelou-se ao respeito. Há, ainda, um projeto online que põe lado a lado imagens reais do Holocausto com as selfies ligeiras tiradas junto a memoriais. Chama-se Yolocaust e demonstra como certas pessoas parecem ter esquecido todos os horrores cometidos durante este período. 

Para que a humanidade não esqueça, é importante que Auschwitz mantenha os portões abertos a quem queria recordar e testemunhar as memórias das barbáries cometidas pelo regime nazi. Principalmente, com a passagem do tempo que tem o poder de ir apagando a relevância dos acontecimentos.

Viajar também é uma maneira de deixarmos a nossa marca no mundo e escolher de que forma queremos conhecê-lo. Se para muitas pessoas visitar um campo de concentração é algo que faz parte da construção de mundo que desejam ter, a forma como o visitam deve ser a mais respeitosa possível. Em memória daqueles que ali se foram e sofreram. Com a consciência de que há lugares que serão sempre de tristeza e de luto.

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Imagem: Jean Carlo Emer / Unsplash

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