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Diário de fuga

Na rotina dos sonhos fugimos dos dias

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Na rotina dos sonhos fugimos dos dias

Desconfinar no Alentejo: a vida é bela em Porto Covo

16.04.21 | Alice Barcellos

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A primeira viagem após um período de confinamento vai ter sempre um sabor extra a liberdade. Esta fome de mundo que trago em mim tem a capacidade de deixar os olhos mais sensíveis a tudo o que veem, conseguindo fazer com que cada paisagem percorrida pareça ainda mais bela. Então, se formos para o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina é fácil devorar com os olhos e com o coração cada pedacinho de praia, falésia ou campo que nos aparece à frente.

Tinha uma imagem gravada na minha memória que queria muito reviver. O pôr do sol na estrada que vai dar à praia da Ilha do Pessegueiro. Dos muitos cenários em que já pude observar este momento tão mágico, este foi um dos que me ficou para sempre gravado na retina, mesmo após uns largos anos em que lá estive pela última vez.

Seria este já um bom pretexto para fazer os 400 e muitos quilómetros que me separam deste lugar, mas tive outros, agora, mais atuais. A oportunidade de ficar num alojamento incrível, através do contacto com o Carlo da página de Instagram @costa_vicentina_oficial, e a possibilidade de realizar a minha primeira surf trip, uma vez que estaria bem perto da praia de São Torpes e das suas ondinhas divertidas.

Assim seguimos. Longboard bem amarrada às barras do carro. Olhos atentos à estrada (vazia). Foi mesmo em São Torpes a nossa primeira paragem. Análise ao mar e toca a vestir o fato e tirar a prancha do saco. Primeira surfada feita com êxito e aquele sorriso na cara de quem tem o privilégio de poder deslizar nas ondas. O cansaço das horas a conduzir ficou lá, no mar.

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Já o sol se havia escondido do dia, chegamos a Porto Covo, à procura de um sítio para jantar. Fomos à pizzaria Bella Vita, que recomendamos. Uma pizza saborosa é o “pós-treino” ideal para quem saiu do mar. Barriguinha cheia, seguimos em direção ao nosso ninho para os próximos dois dias.

Chegar a um sítio de noite encerra sempre aquela magia do mistério e no Monte da Cascalheira aconteceu isso mesmo, com uma dose extra de emoção, já que íamos ficar hospedados na Casa da Árvore. Sim, isso mesmo, um bungalow de madeira e cortiça construído em suspenso, completamente integrado na paisagem envolvente. De um lado, uma oliveira, de outro um limoeiro, atrás um majestoso sobreiro que emoldurava a vista de campos verdejantes até ao mar. Mas isso só iríamos conseguir ver de manhã, enquanto tentávamos compreender o canto efusivo dos pássaros que nos pareciam querer tirar da cama.

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Dia de sol e nuvens. Ideal para andar a saltar de praia em praia entre Porto Covo e Vila Nova de Milfontes. Que pedacinho de paraíso. Basta explorar e escolher o areal mais vazio, mais amplo ou mais recôndito. Há opções para todos os gostos – Vierinha, Samouqueira e Malhão deixaram-me a sonhar com mais tempo e mais calor para aproveitar. De tarde, voltamos à praia de São Torpes para mais uma ondas. Quem quiser aprender a surfar tem aqui opções de escolas de surf e é um sítio ideal para iniciar-se nesta atividade.

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No fim do dia, fomos em busca da tal imagem que me vinha gravada na alma. Mas não encontrei aquela bola laranja a beijar o mar azul. O dia terminava nublado e os últimos raios do sol apenas pintavam algumas nuvens com aquele rosa tímido. O vento soprava, as andorinhas procuravam refúgio no forte da Ilha do Pessegueiro. As flores cor de rosa pontilhavam as falésias. Havia ali um silêncio apaziguador.

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Terminamos a noite a comer choco frito no Restaurante do Luís. No dia seguinte, ainda deu tempo para aproveitar o lado mais rural da viagem. Observar os animais e os belos jardins do Monte da Cascalheira, bem como as paisagens de primavera nos campos circundantes. Ficamos com a impressão de que estávamos a conduzir dentro de um fundo de ecrã do Windows.

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Fizemo-nos à estrada, de volta ao norte, sem dizer “adeus”. Afinal, quando gostamos de um sítio, despedimo-nos sempre com um “até breve”. A vida é bela e simples em Porto Covo.

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