Fuligem
Fuligem. Ontem o Porto estava cheio dela. Entrou pela janela da nossa sala, agarrou-se às secretárias, às folhas, aos ecrãs dos computadores. Cada bocadinho de fuligem traz nele o resto de um incêndio. Sortudos nós, ainda assim, que na cidade só levamos com a fuligem, com o céu que não é azul nem cinzento, é cor de fumo. Com o ar carregado.
Tristeza é ver quem perde tudo nestes incêndios de verão, (todo o ano a mesma coisa mas este ano tem sido terrível) quem perde até a vida, como os cinco bombeiros que sucumbiram à fúria das chamas.
Cada bocadinho de fuligem traz com ele também o sofrimento e as lágrimas de quem nunca mais vai esquecer o cheiro do fumo e o calor do fogo.