Mundos
Atingimos sete mil milhões de habitantes no planeta. Uma frase fácil de dizer. É um número redondo e muito, muito, muito grande. De uns tempos pra cá, a nossa sociedade apanhou o gosto de transformar humanos em números. E, é claro, esta data não poderia passar em branco.
Concordo que a efeméride sirva de pretexto para falarmos das desigualdades no mundo, das alterações climáticas, do combate a doenças e de todos os grandes problemas da humanidade na terra, que são, na sua maioria, provocados pela própria humanidade.
Mas amanhã a maior parte das pessoas vai esquecer-se de que somos sete mil milhões, e vai voltar a preocupar-se com as dezenas de habitantes do seu mundo. Sim, porque dentro destes milhares de milhões, cada ser humano constrói o seu próprio planeta, com as suas prioridades e preocupações.
Por isso mesmo é difícil pensar em tanta gente, tantas histórias, tantos problemas, tantos mundos. É mais fácil começar aqui, perto de nós, junto de quem conhecemos. Quem sabe se este destaque que foi dado aos sete mil milhões de pessoas no planeta, sirva para que cada um tente mudar o seu mundo.
Podíamos consumir menos, poluir menos, sermos mais simpáticos nos transportes públicos, reclamar menos da vida, ser menos invejosos e mesquinhos no trabalho, mais ativos como cidadãos e mais empreendedores.
Podíamos valorizar o nosso planeta, já tão sobrecarregado e explorado por nós próprios. Descobrir a beleza e a singularidade de cada por do sol e de cada mudança de estação.
Podíamos surpreender-nos mais com a unicidade de cada povo, cada raça, de cada ser humano. Respeitar as diferenças entre culturas, não discriminar pelo sexo ou cor. Não julgar antes de conhecer.
Se cada um tentasse mudar o seu mundo, o planeta dos sete mil milhões seria com certeza um lugar melhor.