Pausa para café
- Boa tarde, o que vai ser?
- Um café.
- Não quer nada para acompanhar? Uma queijada, um queque, uma natinha?
- É só o café, se faz favor.
Traz-me só o café. Não precisa ser curto, nem cheio, com açúcar ou pau de canela. Não quero bolos, não quero mais nada, a não ser uma chávena branca com aquele inconfundível líquido castanho escuro. Que sabe tão bem como cheira. Que me faz tão bem quanto sabe.
- Cá está o café, não se quer sentar?
- Não, obrigada, fico ao balcão.
Fico aqui neste balcão e por alguns minutos penso apenas em beber o meu café, reparo na atividade das empregadas que lavam a louça estridentemente e falam mais do que pensam. Deixo-me estar aqui ao balcão e sou só mais um igual a tantos outros que por aqui passam.
Agora, só quero sorver este café. Lá fora, a vida continua a passar com pressa. A cidade continua a pulsar com ânsia. As pessoas continuam a precisar de ajuda.
Mas quando estou aqui ao balcão e bebo este café, é como se tudo parasse no meio de três goles.
Imagem: Pixabay