Paz
A paz é branca mas poderia também ser azul
Tão pura como a pomba que voa ou a onda que se desmancha
Entra-nos pela alma como o vento entra por uma janela aberta
Não pede licença, mas sentimos quando chega
Sentimo-nos em paz e a felicidade parece mais fácil
Mais palpável
Sentimo-nos em paz e desejamos que todos sintam o mesmo
É impossível, a paz é uma constante utopia
Não fosse o seu contrário a guerra
Não há calmaria sem antes ter havido tempestade
Não há cicatriz sem antes ter havido ferida
O barco navega em busca de uma baía sossegada
Mas são gigantes as ondas, são brutais as intempéries
A paz é branca mas poderia também ser verde
Pois é a esperança que guia o seu caminho
É uma constante busca
Mesmo quando estamos a atravessar um campo minado
Esperamos sempre que um dia seja um campo florido
Esperamos que o arco-íris surja no horizonte
A paz é branca mas poderia ser de todas as cores
De todas as nações, de todos os seres vivos
E, se assim fosse, a paz seria sinónimo de igualdade
Quem sabe, um dia, todos possam saber o que é a paz
Todos sintam aquela calma na alma
como quem olha o mar parado numa tarde de verão
Todos possam saber o que é respirar sem dificuldades
O que é sorrir sem motivo
O que é amar sem barreiras e perdoar sem rancor
Sentir que o que se é não é mais nem menos
É suficiente e é tanto para o que se almeja ser
A paz vem e virá para todos
Nem que seja por breves instantes
Só peço que ela não venha apenas no suspiro final
Imagem: Roberto Salinas / Unsplash
Poema escrito no âmbito da iniciativa O que a paz significa da Ana de Deus. Podem ver todos os textos aqui. Desculpa, Ana, ultrapassei os 200 caracteres