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Diário de fuga

Na rotina dos sonhos fugimos dos dias

Diário de fuga

Na rotina dos sonhos fugimos dos dias

Risco

04.02.20 | Alice Barcellos

Tentamos sempre não cair

Viver com os pés no chão e a cabeça levantada

Passamos a vida a driblar rasteiras

Temos medo do risco, este risco traçado em giz

no quadro negro dos anos

Escrevemos uma lista das nossas vitórias

e das quedas que não demos

Vamos andando por este caminho sem sombras

Temos medo de percorrer o caminho ao lado

Que tem pedras, espinhos e lama

Tem precipícios de inseguranças e lagos escuros de receios

Construímos a nossa história no caminho plano,

sem quedas nem percalços,

cortado pelo risco que nos separa do medo

A linha é ténue e facilmente quebrável

como um risco de giz que apagamos com as mãos

Quando damos por ela, estamos no chão

Pés para o ar e cabeça enfiada na lama,

mergulhada em águas turvas

Nadamos até à superfície da rotina

para que tudo volte a ser como antes

Mas não volta

O traço é cada vez mais fino,

o risco é cada vez maior

Não há como traçar uma barreira que nos impeça de cair

O importante é saber levantar e ter forças

para continuar

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Foto: Aleks Dahlberg / Unsplash

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