Risco
Tentamos sempre não cair
Viver com os pés no chão e a cabeça levantada
Passamos a vida a driblar rasteiras
Temos medo do risco, este risco traçado em giz
no quadro negro dos anos
Escrevemos uma lista das nossas vitórias
e das quedas que não demos
Vamos andando por este caminho sem sombras
Temos medo de percorrer o caminho ao lado
Que tem pedras, espinhos e lama
Tem precipícios de inseguranças e lagos escuros de receios
Construímos a nossa história no caminho plano,
sem quedas nem percalços,
cortado pelo risco que nos separa do medo
A linha é ténue e facilmente quebrável
como um risco de giz que apagamos com as mãos
Quando damos por ela, estamos no chão
Pés para o ar e cabeça enfiada na lama,
mergulhada em águas turvas
Nadamos até à superfície da rotina
para que tudo volte a ser como antes
Mas não volta
O traço é cada vez mais fino,
o risco é cada vez maior
Não há como traçar uma barreira que nos impeça de cair
O importante é saber levantar e ter forças
para continuar