Vamos falar sobre a eutanásia? Vamos falar sobre a valorização da vida?
No dia em que pensava se ia ou não escrever alguma coisa sobre a eutanásia, vi a notícia de que um homem de 65 anos morreu depois de ficar seis horas à espera de assistência médica nas urgências do Hospital de Lamego. Acontece com alguma frequência e faz sempre refletir sobre a forma como somos tratados quando mais precisamos.
O que é que isso tem a ver com a eutanásia? Quase tudo. Não sei o que é sofrer de uma doença terminal, dores insuportáveis, estar numa cama em estado vegetal, depender na totalidade de outras pessoas. Compreendo que para estes casos o enquadramento legal da morte assistida faça sentido, sendo por isso a favor da eutanásia. Contudo, a vida humana é valiosa e deve ser valorizada. A oportunidade de viver é o bem mais valioso que temos, mesmo que na maior parte do tempo não estejamos a pensar nisso.
Quem decide se uma pessoa deve continuar ou não? Ela própria, em primeiro lugar. Mas a decisão pessoal terá de ser sempre assistida por uma equipa médica, quando a eutanásia é legalizada. A discussão da proposta de legalização envolve vários fatores, é um processo complexo e aconselho a consulta deste artigo aqui para compreender o que está em cima da mesa.
No meio de todo o debate, a questão que queria deixar é: será que não é cedo para legalizar a eutanásia em Portugal? Mesmo sabendo que a proposta não é nova, ainda há um longo caminho pela frente na valorização da vida, principalmente quando ela começa a caminhar para a sua fase final, e nos cuidados paliativos.
Além disso, o mais importante neste momento seria existir um maior investimento no Sistema Nacional de Saúde para evitar notícias tristes como a que comecei por citar no início deste texto. É preciso garantir um fim de vida digno para todos, qualquer que seja a decisão final de cada um.
Imagem: Daan Stevens / Unsplash
* Texto atualizado a 14-02-20
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